quinta-feira, 3 de abril de 2014

Futebol e Ditadura - 3




Salve Salve nerds!



Terceiro e último episódio da nossa série sobre as influências dos regimes militares sobre o futebol. Hoje, falaremos de outros países que sofreram com uma ditadura e viram o seu futebol se tornar objeto de poder. Começamos pelas equipes afetadas durante o período do nazismo, que de certo modo foi uma ditadura militar. Na Alemanha, as equipes foram afetadas pelo regime de Hitler, que tentava implantar a superioridade dos arianos inclusive no esporte. O futebol era utilizado para isso, sendo que para a Copa de 1938 o governo alemão se aproveitou da seleção austríaca, já que a Áustria havia sido anexada à Alemanha, para formar um time mais forte. Porém, o craque do time, Matthias Sindelar, recusou-se a defender a seleção alemã, fugindo e sendo acusado de apoiar os judeus.
Um gigante do futebol, o Bayern de Munique, recusou-se a colaborar com as autoridades e quase foi fechado durante a Segunda Guerra Mundial. O presidente do time, inclusive, chegou a ser mandado para um campo de concentração. Por outro lado, o treinador campeão da Copa do Mundo de 1954, Sepp Herberger, era filiado ao partido nazista e seguiu mesmo assim em seu cargo após o fim da ditadura de Hitler.




Na Argentina, nossa vizinha, a ditadura também aproveitou-se da Copa do Mundo para se dar bem. Em 1978, em seu território, os argentinos sediaram a maior competição do nosso futebol. A ideia, claramente, era a de conquistar a competição, para acalmar os ânimos da população. Um dos episódios mais marcantes foi a partida entre Argentina e Peru, quando os hermanos precisavam vencer os adversários por um placar elástico para se classificarem, além do fato de o Brasil ser o concorrente direto. Era a segunda fase e apenas o primeiro colocado se classificava, indo já para a decisão. 
Segundo o que é relatado, os argentinos enviaram uma "mala preta" para os peruanos, que se encontraram totalmente apáticos em campo, assistindo a partida dos adversários em campo. O lance de vários gols denota esta "falta de ânimo" dos peruanos, que perderam por 6 a 0 e entregaram a vaga para a Argentina de Kempes ser campeã.
Além desta partida, outros acontecimentos marcaram esta Copa. O ídolo holandês Cruyff, recusou-se a participar do campeonato em protesto contra a ditadura instalada nos nossos vizinhos. A seleção francesa quase se recusou a participar após freiras de seu país serem assassinadas na Argentina. Houve inclusive denúncia de fraude no exame antidoping dos argentinos, que teriam contratado um homem para urinar no lugar dos jogadores, que estariam alterados com drogas para aumentar o rendimento. 



Abaixo, um conjunto de reportagens feito pela TV Cultura sobre o escândalo da Copa de 1978:






Na Espanha, durante o regime totalitário e militar de Francisco Franco, o favorecimento também aconteceu. O general, que comandou a Espanha durante 36 anos, entre 1939 e 1975, trabalhou para o engrandecimento de uma equipe espanhola. Falamos do Real Madrid, clube da capital, que tinha todos os privilégios possíveis, inclusive contando com uma tribuna de honra para Franco no Santiago Bernabeu. É logicamente um espaço de tempo muito grande, mas foi durante ele que o Real venceu 6 das suas 9 Champions Leagues, ficando mais de 30 anos sem levar este caneco após essa fase. A opressão ocorria contra o Barcelona, clube da Catalunha, uma região que já naquela época tinha um sentimento de busca pela independência do resto da Espanha. 
Um dos episódios mais importantes foi na contratação do maior ídolo madrilenho, Di Stéfano, que estava muito próximo do rival catalão, mas por intervenção governamental foi parar no Real e como dito acima, é o maior ídolo da história do clube da capital. Esta rivalidade existe até hoje, muito mais branda, mas por herança deste período de perseguição política que influía no futebol espanhol.  




Agradecemos a você, que durante estes trés dias acompanhou a nossa série de posts sobre períodos tão tenebrosos para o futebol, que esperamos não voltar a acontecer no Brasil e no mundo, mesmo sabendo que outros influenciadores estragam com o espetáculo no século vinte e um. 



Até mais!

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