sexta-feira, 19 de junho de 2015

Por que a maioria das jovens promessas não chega à seleção canarinho?



Por João Vitor Rezende

Veremos essa cena mais vezes? (Foto: Jamie McDonald/Getty Images)
A cada dois anos, os novos craques e as eternas promessas disputam o Mundial Sub-20. Nos últimos sete torneios, chegamos cinco vezes nas semifinais. Dois títulos, 1 vice, 1 bronze e estamos na véspera da final na Nova Zelândia. No mesmo período, duas Copas América e três Copas das Confederações consecutivas. Desde 2003, cinco troféus e pouca satisfação para o torcedor. Nenhuma Copa do Mundo. Nem mesmo a tão sonhada conquista olímpica veio. Poucos jogadores formados nessas competições chegam a seleção principal. Por que isso acontece?

Pra não ir muito longe, vamos fazer um pequeno filtro. Abaixo, alguns dos nomes revelados nos últimos três mundiais disputados de 2007 a 2011 (Brasil não se classificou em 2013). Entre os que deram certo, alguns nomes que já tiveram aparições na seleção principal e outros que ainda estão na esquadra nacional.

Os que deram certo: Luiz Adriano e Marcelo em 2007. Rafael (goleiro do Napoli), Souza, Giuliano, Douglas Costa e Alex Teixeira em 2009. Em 2011, o elenco que gerou mais nomes para a seleção principal. Nomes como Danilo, Juan Jesus (atualmente na Internazionale, já teve chances com Mano Menezes), Alex Sandro, Casemiro, Fernando, Willian, Oscar e Coutinho, estão ou estiveram presentes nas últimas listas.

Apenas listar os nomes que deram errado não foi suficiente. Os flops são tantos que dá até pra fazer uma seleção. Confira a raspa do tacho entre os últimos ex-selecionáveis:
Goleiros: Muriel e Felipe (ex-Santos) - os dois de 2007;
Defensores: Frauches, Toloi, Bruno Uvini, Bruno Bertucci, Douglas (sim, o Doug do Barça), Eduardo Ratinho e Galhardo;
Meio-campistas: Boquita, Leandro Lima, Wellington Junior (ex-Botafogo), Alan Patrick, Ji Paraná (jogava no Internacional em 2007), Tchô (também em 2007) e Maylson (estava no Grêmio em 2009).
Atacantes: Ciro, Henrique (ex-São Paulo), Willian José, Negueba, Jô e Diogo.

Além destes, outros nomes que têm destaque em times brasileiros, mas não despontaram como era esperado: Cássio e Renato Augusto no Corinthians; Anderson na época no Grêmio e hoje no Inter; Pato, Alan Kardec e Ganso no São Paulo e o contestado Dudu no Palmeiras.

Apenas 15 jogadores subiram para a seleção principal. Citando apenas os convocados para a Copa América, o número cai pra cinco (Danilo esteve na lista mas se lesionou). 21 listados entre os que "floparam", fora outros não lembrados e os que estão jogando no país e não deram tão certo assim. Além disso, o planejamento das seleções de bases por muito tempo foi deixado de lado, não formamos técnicos e gestores.

E o principal: não temos paciência. É difícil cultivar um trabalho desta forma. Muitas vezes, o treinador da seleção principal assumia as inferiores no período próximo a Olimpíada, e com isso gastava algumas datas para amistosos com um trabalho que não deveria ser seu. Os jovens atletas não se reuniam, não jogavam juntos, não tinham entrosamento. E quando tinham a oportunidade de jogar juntos, sentiam a pressão de defender a seleção canarinho com a obrigação excessiva.

Quando a seleção com idade olímpica começou a se reunir, o técnico é demitido poucos dias antes do Mundial e com a convocação já feita. Sim, Gallo é um treinador mediano e com currículo fraco. Mas deixaram pra corrigir o erro em um momento pouco oportuno. Sorte que Rogério Micale está dando certo e está dando a palavrinha mágica que todos os cartolas da CBF amam: resultado. Enquanto estiver assim, está ótimo. Quando o resultado deixar de vir, será difícil manter. Espero queimar minha língua com isso.

Deste Mundial da Nova Zelândia, o Brasil pode ver em breve alguns jogadores com destaque. Jean, Jorge, João Pedro, Danilo, Boschilia, Marcos Guilherme, Gabriel Jesus, Alef, Jean Carlos, Malcom, Judivan. Andreas Pereira parecem ser nomes promissores para o próximo ciclo. Parecem, pois nessa idade tudo é incógnita. Danilo, Jean Carlos e Andreas já estão fora do país, outros como Marcos Guilherme e Malcom podem ir em breve. Temos de torcer para que tenham rodagem e voltem para vestir a amarelinha.

A safra é boa, mas já tiveram melhores. O que não é de se espantar, pelo panorama do futebol brasileiro. Quantos destes que brilham em 2015, estarão em 2018, em 2022 ou 2026? Pergunta difícil de ser respondida. Se nem os dirigentes colocam a mão no fogo por nossos atletas, por que eu colocaria?

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