quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha



Salve Salve Nerds!




Estamos de volta e em grande estilo. Foram quase duas semanas complicadas sem que eu pudesse aparecer aqui, mas agora está tudo resolvido e segue o jogo. Voltamos bem porque vamos falar de um dos maiores jogadores da história do futebol, ele, Garrincha. Mais especificamente, falaremos da biografia que Ruy Castro fez dele. O livro foi lançado em 1995, após quase três anos de trabalho de Ruy, que falou com 170 pessoas e fez mais de 500 entrevistas com elas. Atualmente, as biografias não autorizadas são permitidas, porém antes não eram e parte das filhas de Garrincha impediu durante um tempo a venda de exemplares do livro. Estrela Solitária tem 493 páginas e 23 capítulos derradeiros da vida do camisa 7 eterno do Botafogo.

A produção e o trabalho de Ruy Castro são exemplares e servem como base para qualquer um que procura fazer um perfil ou biografia. Ele conseguiu os mínimos detalhes da vida de Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha. Por exemplo, ele começa explicando as origens familiares do jogador, que era descendente de índios no nordeste, até que um tio dele veio morar no Rio de Janeiro, em Pau Grande, e induziu o restante da família a vir junto, inclusive o pai de Mané, para trabalhar na fábrica de tecidos da cidade, a América Fabril.

A infância de Garrincha foi bem interiorana, caçando pequenos animais e pássaros, brincando no rio e jogando futebol. Falando em pássaros, o nome Garrincha vem de um pássaro, que é pequeno e havia na região da cidade onde ele morava. Sempre jogou nos times amadores da cidade, além do Esporte Clube Pau Grande, que o revelou. Nos jogos contra os clubes da capital carioca, Garrincha chamou a atenção pelas pernas tortas e a incrível habilidade que vinha delas. Muitos não acreditavam ser possível ele estar em pé, quem dirá driblando e entortando zagueiros. Em 1952, já com 19 anos, Garrincha recebeu um contato do Botafogo, que o queria para fazer um teste e o contratar, mas ele era funcionário da fábrica de tecidos, apesar de mais dormir no trabalho do que exatamente trabalhar, portanto não podia sair dali e ir para o Rio fazer o teste. Além disso, a diversão de Garrincha era jogar ali, com os amigos e conhecidos, ele não tinha muitas aspirações de ser jogador profissional.

Visitando a fábrica onde trabalhou

Um ano depois, o Botafogo fez um cerco e trouxe Garrincha. Por lá ele ficou 12 anos, de 1953 até 1965. Na seleção brasileira, ele estreou apenas em 1955, para nunca ter perdido jogando ao lado de Pelé. Jogou as Copas de 1958, 1962 e 1966. Uma das características de Garrincha era o desinteresse pelas coisas complexas e pelo glamour do futebol, ele queria jogar e se divertir. Tanto que, durante a Copa de 1958 ele se lamentou por já estar acabando, pois para ele a Copa era muito curta e deveria ser igual o Campeonato Carioca da época, que tinha turno e returno.


Em ação na Copa de 1958


Além do futebol, Garrincha tinha outras duas paixões, as mulheres e o álcool. Ele foi obrigado a casar com Nair, quando ainda morava em Pau Grande, pois ela ficou grávida e os pais obrigaram os dois a casarem. Com Nair ele teve nada menos do que oito filhas. Iraci, sua namorada e que ele chegou a levar para o Rio de Janeiro, lhe deu um filho, Manoel, e uma filha, Márcia. Elza Soares, a mulher com quem viveu por mais tempo, teve apenas um filho com ele, Manoel Garrincha. Ele teve outros namoros e até um filho na Suécia, quando teve um caso durante a Copa de 1958. 

As filhas
O outro "amor" de Garrincha era o álcool, que se tornou o seu problema derradeiro e que provocou o seu fim de vida precoce. Mesmo quando era jogador e um dos melhores do mundo, a bebida o acompanhava quase diariamente. Ele tinha uma tolerância enorme ao álcool, pois desde criança tomava remédios caseiros que eram a base de álcool. A diretoria do Botafogo chegou a ir várias vezes buscar o jogador em Pau Grande para jogar no Rio de Janeiro ou ir para as excursões do time pelo mundo. Em 1962, as pernas tortas cobraram um preço. O joelho estava sobrecarregado, mas uma operação nas pernas era muito trabalhosa e poderia complicar a carreira do jogador. Além disso, Garrincha não queria operar nem o joelho e ficou anos sem fazer a operação, pois só se tratava com uma benzedeira. 

A bebida só piorava esse estado, pois mais pesado Garrincha sobrecarregava os joelhos. Assim, de 1963 em diante, ele pouco atuou e ficou mais se recuperando e fugindo das partidas do que atuando em alto nível. Ruy Castro diz que a carreira do jogador acabou não muito depois da Copa do Mundo de 1962. 

Mesmo decadente e depois de realmente desistir do futebol, Garrincha ainda recebia ajuda de muitas pessoas, aqueles que um dia viram ele no auge e jogando como um dos melhores de todos os tempos. Recebeu vários empréstimos e até ajudas de presidentes do Brasil para se manter e conseguir empregos. Tentou outras atividades mas acabou sendo sustentado basicamente por Elza Soares quando estava com ela. Sua primeira esposa, Nair, através de um advogado explorador, tirava todas as economias de Garrincha, com a justificativa de que ela e suas filhas passavam fome em Pau Grande. No entanto, o advogado ficava com quase todo o dinheiro do jogador e repassava pouquíssimo para Nair. Chegou a haver um amistoso de despedida de Garrincha com um combinado da seleção brasileira, no intuito de arrecadar dinheiro para as filhas de Garrincha e pagar dívidas dele. 

São muitos detalhes e histórias interessantes que estão no livro, que você pode comprar AQUI. Ruy Castro consegue trazer muito bem toda a vida de Garrincha, sem tantos freios que se veem em outras biografias, que só enaltecem o que há de melhor e incrível da personalidade biografada. Ele trás o auge, os gloriosos momentos em campo de Garrincha, mas leva, desde o começo, os problemas vividos pelo craque fora de campo, que acabaram por matá-lo precocemente. Além disso, ele desmistifica alguns fatos, como que Garrincha chamava os marcadores de "João", ou que os jogadores pressionaram Vicente Feola para a escalação de jogadores em 1958. Vale muito a pena para você que é fã do futebol e mesmo quem não é, pela ótima qualidade da produção e detalhes de Ruy Castro.

Abaixo, um vídeo antiguinho, mas que tem Ruy Castro explicando várias coisas sobre o livro. Confira:




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Até mais!

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